" Tudo o que vai volta, mas nem tudo o que volta encontra o que deixou."
He is so pretty i want to cry

Sabem algo que é raro? Encontrar pessoas que gostem de ler. Será que somos uma espécie em vias de extinção?

Isto é tão relevante. Quando é que ser virgem passou a ser uma vergonha? Porque é que passou a ser motivo de espanto e exclusão. O corpo é meu, a vontade é minha. Eu escolho com que partilho algo tão pessoal. E mais ninguém tem que comentar sobre isso. 

Apresento-vos o desta semana.


Miro-te de longe, os teus gestos sedutores e  despreocupados. A forma como elevas o cigarro, a maneira como beijas o copo. Tudo em ti me atrai. Desde o sinal do lado esquerdo inferior do queixo ás mil e uma sardas que pintam a tua cara. Desde os teus olhos verdes de uma imensidão profunda ao teu cabelo ruivo e rebelde como o fogo - reflector da tua personalidade instável e quente.
Como te deixei ir? Porque é que não fui atrás de ti? Sempre tivemos estas discussões. Tu fugias e eu ia seguia-te, eu batia com a porta e tu ias logo abri-la para me abraçares. Era o melhor das nossas discussões. A parte que se seguia era sempre quente, surpreendente, incomparável.
Lembro da noite em que partiste. Como fui parvo, insensível à tua dor, afinal fui eu que pequei, fui eu que te feri com as palavras. Porque raio disse aquilo? Já nem me lembro da discussão, mas só espero que tenha sido algo importante. Porque se foi algo insignificante, eu perdi a minha vida, a minha luz, o meu sol, por algo que nada valia.
Olho-te de novo e encontras o meu olhar, algo muda e o teu sorriso desaparece, os teus olhos ficam vermelhos. Será que vais chorar? Nunca choraste, deste sempre o lado mais forte, nunca te entregaste completamente.
 Momentaneamente,  levantas-te e sais a correr. Num instinto quase natural sigo-te, saio pela porta de metal enferrujada pelo tempo e o ar frio da noite fura-me a pele.
Num canto escuro estás tu, virada para a parede a soluçar. Nunca te vi assim, e agora percebo que fui parvo, que a culpa disto é minha.
Aproximo-me de ti e abraço-te, tu já nem lutas, simplesmente ficas imóvel, como se todas as forças tivessem desvanecido.
- Desculpa, desculpa amor. Fui parvo, fui mau. Já não consigo. Não consigo viver sem ti, sem nós. Sinto falta de tudo, de ti, do teu cheiro, do semi-sorriso que esboças enquanto dormes, dos teus pés gelados a meio da noite, do rubor  das tuas bochechas depois do banho. Sinto falta da tua razão, das tuas opiniões, sinto tanto a tua falta...
Ela vira-se e fita-me nos olhos. A dor expressa no seu olhar tirou-me o chão. Os olhos estavam vermelhos, os lábios secos, estava tão frágil, tão abandonada. Lentamente, aproximei-me mais dela, depositando um leve beijo na bochecha, caminhando lentamente para o lugar predestinado.
Os nossos corpos continuavam a encaixar como dantes, as suas mãos continuavam a viajar por onde tinham passado, a reconhecer, redescobrir.
E quando o beijo foi consumado, foi aí que me percebi. Estava em casa, ela era o meu porto, o meu cais. E eu nunca mais iria deixar que isso mudasse.
Será que é possível não amar esta casa? Aposto que acordava todos os dias com outra disposição.